terça-feira, 8 de abril de 2008

Um convite especial


Qual foi meu espanto, depois de uma forte ventania passar sobre minha cidadezinha, ao correr lá no pomar e ver o chão qualhado de mangas Ubá ( uma manguita delicada e muito saborosa encontrada na região da mata das Gerais).

Senti a menina Ana...
Anos atrás, toda serelepe, correndo pomar abaixo, com uma cuia, correndo pra lá e pra cá, catando as mangas, que pediam para serem colhidas e devoradas.

Voltando à Ana cinquentona...
No céu, as nuvens armavam o maior complô para atiçar meus neurônios, e conseguiram.
De repente, assustei!
Ajudadas por "São Pedro", mandaram pingos de chuvas, por sinal, bem grossos, que me molhou, me banhou.
Olhei pro alto e vi que elas me pegaram de jeito.
Há anos corria dos seus pingos malvados, assim achava.
Afinal, ficar molhada de roupa e tudo, ninguém merece.

Bem, resolvi que desta vez seria diferente.
Ao sentir no rosto aquela chuvarada toda, não correria, não desta vez.
Fiz diferente. Olhei pro lado e pro outro, não tinha uma alma viva me olhando. Então...

Tirei a blusa, a calça jeans, o sutiã, a calcinha e fiz a festa!
Era isso que ela queria: Me banhar!
Abusei.

Enquanto seus pingos batiam no meu rosto, nos cabelos, nos seios,
chegou lá dentro de mim, um recado de Deus:

--- Menina Ana, tô chegando. Entenda!
Essa ventania, a corrida até o pé de manga, os pingos d'água, não te dei nem tempo pra enconder.
--- Quero dançar com você, fazer o nosso carnaval.
--- Me dê a sua mão, cante comigo uma canção de amor, me abraçe, sinta meu calor, meu poder!!!

Abraçei com Ele, cantamos uma linda canção, oramos o "Pai Nosso", e qual foi meu espanto!
Até seus anjos surgiram batendo palmas e mais palmas, num lindo compasso.
Me banhei por fora e por dentro.
Dancei, pulei, sorri, chorei,
me embriaguei na chuva, uma tarde inteira.

Só parei quando ouvi o grito da minha irmã:
--- Ana, você enlouqueceu?
--- Corra, o bloco está passando.

Era sábado de carnaval.

Nenhum comentário: