segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Retrô - Escola Estadual Prof. Cândido Gomes



--Hoje quando olho para aquele prédio imponente, com um belo jardim,
o ginásio coberto, uma horta de dar inveja, fico feliz por fazer parte da Escola Estadual Professor Cândido Gomes.
Acho até que fui um dos primeiros alunos, lá atrás...

--Entrei para o Ginásio, que correspondia da quinta a oitava série, na década de 1960. Estava completando 11 anos.
Era bem baixinha e me lembro que a saia era comprida, blusa branca e gravata azul marinho, modelo que detestei, porque a saia tampava minhas pernas grossas e fiquei parecendo maria mijona (era assim o apelido de quem usava roupa abaixo do joelho).

--O Colégio estava em reforma e fomos para o prédio da casa paroquial, emprestado pelo Padre João Bosco.

--Os professores foram os mesmos nos anos do ginásio.
Ficaram tão familiares que de ambas as partes havia uma grande amizade e carinho, nos mínimos detalhes.
A professora de Português, Dona Mariquinha (mãe do Padre João Bosco)era um doce,gostava de ver seu olhar para os alunos, parecia sorrir.
O Professor de Ciências era o Narciso Trindade, passava toda a matéria no quadro e a gente tinha que copiar, mas em compensação, dava nota boa para todos os alunos.
A professora de Inglês era a Pompéia Paiva. Se hoje sei um pouco de Ingles aprendi com ela, era ótima para ensinar.
A professora de desenho era a Isa Martins. Nos ensinou a fazer lindas barras geométricas.
O professor de história era o Rômulo Soares que tinha muita facilidade para transmitir a matéria.
A de Matemática era D. Judith Barcelos, não aprendi muito, além de não gostar da matéria, ela contava casos dos sobrinhos e a gente puxava assunto para a aula acabar depressa.
Mas... o professor de Geografia , o José Mauro Figueiredo, era dez ( hoje dou essa nota para ele), mas naquela época, ninguém gostava das suas aulas. Era bravo, implicante e super exigente. Qualquer conversinha na sala de aula, a gente ouvia: Pra fora! E como castigo fazia a gente desenhar os mapas do Brasil com todos os rios, outra vez, as principais cidades. Mas com ele nós aprendemos muito sobre o Brasil e os outros paizes. Ninguém tirava nota máxima, ele achava um jeito de tirar pontos nos deveres de casa, na participação nas aulas, nos cadernos sem capricho, enfim, era um carrasco. Mas todo mundo aprendeu geografia.

--O Professor José Mauro posso dizer que foi o melhor professor que já tive. Era um sábio. Lembro que ele fazia uma dinâmica ( hoje entendo assim), com os alunos, que era fundamental. Com a autorização dos pais ele nos excurcionava a lugares interessantes. Certa vez fomos para Ouro Preto. No caminho nos mostrava a topografia dos terrenos, as matas,os rios, a Serra do Caraça, vista de longe e também o Pico do Itacolomi já chegando em Ouro Preto. Sem contar as visitas que fazíamos aos museus, praças e igrejas históricas, enfim foi maravilhoso aquele passeio.

--A melhor parte veio no final do passeio quando ele nos liberou para conhecermos a Boite Calabouço. Foi bom demais! Tudo era novo, as músicas, o tipo de dança, tudo regado com Hi-fi, Cuba e Gin Tônica. Ficamos grog mesmo, até deu namoricos na pista da boite. Ele havia marcado para a gente chegar as 22 horas, e nós só conseguimos chegar depois das 02 da madrugada. Resultado: Tirou pontos de todo mundo na prova seguinte, pelo atraso.

--Tenho uma lembrança muito boa dos desfiles de 07 de setembro também. O colégio todo participava. Cada grupo dava o seu melhor para abrilhantar o desfile. Tinha a fanfarra, a Banda Santo Antônio (Hoje ela tem mais de 100 anos), a turma que ia de bicicleta, outra turma fazia um teatro sobre a Independência. No final, já mortos de fome nos dirigíamos ao colégio para nos deliciar com pão com salame e Q-suco de groselha. Lembro que tinha uma prima que ficava com vergonha de lanchar pois achava esquisito o lanche, então eu, mais que depressa comia o dela também.

--Anos mais tarde foram concluídas as obras do colégio.
Hoje a escola é motivo de orgulho para todos os moradores de Alvinópolis. É escola modelo para outras cidades graças ao empenho dos Diretores e professores, sendo os mesmos formados pela própria escola.

--Gravado com muito amor e saudade no meu coração de estudante.

Uma festa que deu o que falar


Quando os filhos estão pequenos a gente só inventa moda, assim
já dizia meu pai.
Resolvemos fazer uma festa no primeiro aniversário da nossa Tamara.
Pra começar, ela era tão popular, tão querida que na festa,
só de criança foram mais de cem.
As crianças crescidas como Luizão e Zé Delino não podiam faltar.
Morávamos no centro da cidade, onde era dona de uma boutique.
Como não podíamos pagar uma babá, sobrava para minha mãe cuidar da Tamara durante o dia.
Convocava os dois para levá-la até o Bairro Baixada, onde meus pais moravam.
Eles chegavam bem cedo e com que alegria a pegavam nos braços, cada hora era um.
O mais engraçado é que ela ia cheia de rendas e fitas, toda cheirosa, e os dois eram, meio que "casca grossa", sem dente, bobalhões e as roupas bem remendadas.
Isso não tinha importância. O importante era que eu gostava de ver a felicidade e o orgulho que os dois sentiam de poder atravessar a cidade inteira com a Tamara nos braços ( motivo dos convites serem especiais).
No dia do aniversário, Marcos e eu levantamos cedinho para ir catar umbaúbas no mato. Tínhamos bolado fazer umas gaiolinhas de umbaúbas para enfeitar as mesas.
Que gostoso lembrar!
Marcos e dois amigos trataram logo de fazer as gaiolinhas e eu fui confeccionar as rosas, margaridas, girassóis para enfeitar as mesmas. Com um detalhe, o Marcos só aceitou fazer as gaiolinhas se deixasse as portinhas abertas, e lá dentro as florzinhas. Nada de colocar na cabeça da criançada que gaiola servia para prender passarinhos, a intenção era outra.
Seis horas da tarde!!!
O clube ficou lindo!
Flores pra todo lado.
Nas paredes, as flores brigavam por um lugar dentro das peneiras de bambú.
Até os docinhos deliciosos feitos pelas mãos de fada de Vitória do Sr. Jorge Turco tinham um lugar de honra dentro das peneiras, que serviam de bandeijas.
Os refrigerantes, tive a idéia de armazená-los dentro dos filtros de louças que pedi emprestado na Lojinha de Dona Mariinha.
Foi um sucesso, as crianças vibraram!
Não faltou a Emília, a Cuca, Narizinho, Saci, enfim toda a turma do Sítio do Picapau Amarelo.
Até os pacotinhos de pipoca foram enfeitados com flores de papel crepon.
Acho que não faltou nada.
Ah! Faltou gelar os refrigerantes. Que correria! Apelei para os vizinhos que me socorreram com o gelo.
Tudo foi lindo. Maravilhoso!
Muita alegria!!!
Naquela noite adormecemos agarradinhos com ela no nosso meio, felizes!
Já se passaram 25 anos!
Uai! Será que estou ficando velha?

E não diga que voce não é um sonhador


Fico pensando, quantas árvores você já plantou?
Só lá na Chácara, pra ficar vinte e sete, voce chegou a plantar
cento e dezesseis mudas de árvores.
Lembro quando você chegava em casa p.... da vida, várias vezes!
Foram anos, não foram? Lutar contra as mentes e mãos pobres
que abortaram as outras. Valeu ser persistente. Hoje as vinte e
sete Sibipirunas que enfeitam a nossa chácara estão lindas!
Fico triste por não ter acompanhado você, naquela época, para o mato ( resto da Mata Atlãntica) pescar Orquídeas.
Você voltava só com uma mudinha e deixava todas as outras lá na mata. Tinha dó de tirá-las do seu habitat natural.
E eu perdia aquele cenário mágico. Burra!...
Meu Deus! Você nem tinha um lugar para plantar, mas chegava
em casa com tantas mudas de frutas e flores presenteando
os vizinhos que tinham muito espaço. Até passou o
bico no jardineiro da prefeitura para deixar você plantar aquele
Jamelão na praça que, vinte anos depois, está lá oferecendo seus deliciosos frutos para os Sabiás e a criançada.
Lembra quando eu brigava com você por causa da grana que
gastava com plantas? Meu pai o achava um doido.
Nas beiras das estradas até o trevo do Distrito de Major Esequiel
você realizava seu sonho, e não diga que voce não era um
sonhador, para agir assim era preciso ter um grande sonho...
Suas mãos santas (hoje sinto que posso falar assim) abria uma
cova e presenteava a mãe terra com uma mudinha viva e verde. Aquelas plantinhas fraquinhas, agradecida pela chuva, pelo sol,
e abençoada por Deus e por você, cresceram. Houve sim, ventos fortes, muita seca, e até aquelas formigas que tiravam seu sono.
Passaram dias....meses....anos!
Hoje você passa com sua neta de dez anos e mostra para ela o
pé de Ipê Roxo lá na entrada das terras dos "Ponte Alta",
apanha mangas docinhas e dá para ela saborear no Sítio dos "Ben-
ta Silva". Aquela quaresmeira roxinha enfeita a casa dos Montei-
ros. Lembro de duas palavras que voce sempre dizia: Piscou,
dançou! Ainda continua dizendo para as filhas, os sobrinhos, os
amigos, os filhos dos amigos para "perder tempo plantando ár-
vores que a terra agradece" e se a gente piscar nosso planeta
dança.
Sinto triste por não fazer parte dessa história nem como atriz
coadjuvante. Só que ainda tem tempo.
Ainda bem.

Presentes caros e raros



--Hoje, no carro, você me puxou, me deu um beijo gostoso e disse: Te adoro!
Sabe de uma coisa? Aquela pontinha de tristeza evaporou!
--Fico aqui pensando...
Já reclamei tanto dos presentes que nunca ganhei de você. Queria ganhar presentes como toda mulher gosta, tipo uma jóia, uma roupa bacana, um perfume importado, ou até mesmo um carro. Ficou só na vontade. Lembra daquela vez, no aniversário do nosso casamento, você apareceu com uma escada e disse que era meu presente?
Ri e até ralhei com você, que abusado! Uma escada doméstica. Até que estava precisando de uma, mas presente?
Seu bobo, por isso ganhou uma semana sem saborear sua fruta preferida.

--Fico pensando de novo...

--Menino, quantos presentes caros e raros ganhei de você!
Hoje mesmo foi um presentão: Te adoro!
E aquela vez que você colheu pitangas vermelhinhas e docinhas na chácara e me deu de presente, e outra vez aquela aguinha de côco geladinha, e quantos olhares de amor, quantos abraços apertados, quantas lágrimas..Ah! Lembrei de outro. Esse foi um dos
mais valiosos. Lembra quando fiquei doentinha e hospitalizada? Você , toda manhã,regava os vasos de plantas do hospital inteiro e em troca pedia para elas cuidarem de mim.
--Outro presente lindo, maravilhoso:
-- Você plantou um pé de "dama da noite" no jardim só para suas flores perfumarem meu dia.

-- Presentes caros e raros que não estragaram com o tempo e não foram consumidos. Estão inteiros guardados dentro do meu coração. De vez em quando fico pobre (ora triste, ora aborrecida) então preciso dessas "jóias". Pego algumas, faço uma bela viagem , como agora, e fico "rica" de novo!

--Meu coração agradece.

Voce é único





Olhando seus cabelos grisalhos...
Tempos atrás eram loiros.

Nos seus vinte anos, anos oitenta, eu atrás de um balcão, 23 horas, o bar já estava vazio, você chegou, pediu um suco de laranja, deve ter achado bom, pediu outro.
Te olhei, sem você perceber.
O que me chamou atenção foram seus cabelos compridos, bem loiros, passavam dos ombros. Apesar de serem lisos, lembrei da história do "Pequeno Principe" ( engraçado, nem sei porque).
Você pagou o suco, deu boa noite e se foi.
Deixou em mim uma vontade de encontrá-lo de novo. Nem perguntei seu nome.

Meia noite, ajudei meu pai a fechar o bar, olhei para o outro lado da praça, ainda estava tendo discoteca no clube.
Atravessei a praça, até com um pouco de sono, mas gostava de encontrar a turma por lá.. Entrei, estava todo o mundo perto do palco, onde um conjunto tocava os últimos sucessos daquela época.
De repente, me virei e vi você vindo em minha direção, que susto!
Nos olhamos, nos convidamos, mas por um segundo, apareceu outro cara e me pediu para dançar.
Não sei porque, aceitei, aí você deu meia volta e se foi...

Passou a semana...

Domingo, 23 horas, bar vazio, de repente você apareceu.
Pediu um suco, outro, começamos a conversar, eu do lado de dentro do balcão, então notei seus olhos. Eram tão verdes, mas tão verdes, parecia que tinha um imã dentro deles me puxando.
Como um imã, grudei minha vida na sua.

Hoje descobri porque lembrei do "Pequeno Príncipe" na primeira vez que te encontrei.

O que mais me marcou ao ler esse clássico, foi quando a raposa falou para o pequeno príncipe, quando ele contou sobre sua rosa:
Você se torna eternamente responsável por tudo aquilo que cativa.

Você é minha rosa!

Existem milhares de rosas parecidas ( milhares de cabelos loiros, milhares de olhos verdes) mas a minha rosa é única e foi o tempo que dediquei a ela que a fez tão importante.

E o mais legal de tudo, é que eu virei sua rosa também.

Olhando seus cabelos grisalhos...
Ah! deixa pra lá!

Se essa praça falasse



Gostoso chegar na varanda da casa dos meus pais e dar de cara com ela.
Ah! A velha praça...
A banda passou...
O bloco passou...
A serenata acabou...
O amor se foi...

Ficou o gosto gostoso dos beijos...
O som dos dobrados e das marchinhas...
As lembranças dos belos carnavais...
E até ficou uma pontinha de saudade daquele dia que deixei uma lata de leite "Moça" do lado de fora da janela para ele saborear depois de uma bela serenata...
Ah! Se você falasse... Não precisa. Meu coração fala por você toda vez que abro a janela do meu quarto e dou de cara com suas frondosas árvores, o cheiro dos bugarins e o barulhinho da água que vem da velha fonte.
Você resistiu ao tempo. Ainda bem! Eu te agradeço.

Mariana, cuidado! Você ainda vai levar um tombo da bicicleta. Saia já da rua, vai brincar na pracinha.
E você ainda abre os braços para minha neta..

Meu Pedaço de céu





Levanto os olhos,
Lá estão todos eles,
a mesma montanha,
a mesma lua, linda!
Despontando toda orgulhosa,
com a mesma missão: encantar vidas,
acompanhada por um monte de estrelas,
enfeitando meu pedaço de céu.

Corro os olhos, vejo as mesmas casas,
agora com um novo colorido,
algumas pedindo uma nova maquiagem,
outras tantas restauradas,
como muitas vidas...

Do outro lado da praça,
a casa da viúva do guloso contador,
a do vereador solteirão, grande sonhador,
queria ser prefeito, levou seu sonho no caixão.
As casas dos italianos, os Iannarelli e os Prímola,
guardando histórias, que, um dia,
serão lembradas pelos novos herdeiros,
pequenas vidas florescendo.

Do lado de cá da praça,
a casa do diretor aposentado, fluindo arte.
A dos turcos, sem pompa,
guardando mistérios e lendas no seu imenso quintal
(sinto saudades das uvas roubadas,
bem cuidadas, guardadas, apodrecendo no pé,
esperando pelos filhos e netos,
que raramente apareciam).

A casa do fazendeiro, cozinha cheia,
cheiro de biscoito frito e broa assada,
sobra até para os vizinhos.

Cheia de graça é a casa da benzedeira.
Na horta, pés de comigo-ninguém-pode, funcho,
erva-doce, camomila, losna e guiné.
Curando com reza, carvão em brasa,
as crianças do lugar.

Ainda me aparece essa neblina...
Que frio na orelha.
Abril é assim mesmo!
Eta vida boa, meu Deus!
Nesse meu pedacinho de céu.