quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pinceladas

Mãe sempre levantou cedinho e cuidava de suas obrigações diárias.
Nessa época de frio, acordava, ia até à cozinha e assava banana na chapa do fogão à lenha para nós.
Era cuidadosa com suas crias. Só não gostava daquele café com alho e manteiga, pois enfiava goela abaixo
para curar meu  "difluxo", uma espécie de pigarro, que de manhã incomodava minha garganta. Resultado da noite anterior. Fazíamos uma fogueira na frente de casa para espantar o frio e assar inhame, batata doce e estourar pipoca no "burralho" quente.
Família tem dessa coisas, e isso é muito bom!
Lembro dela acendendo a fornalha, uma espécie de fogão pequeno. Cabia só um tacho.Acendia o fogo com uns gravetos colhidos no fundo do quintal. Graveto "bão", sequinho, pegava fogo logo!
Era para fazer doce de leite,
Lá pelas dez horas o doce estava borbulhando, parecia gostoso. Não, era gostoso mesmo. Brigávamos para rapar o tacho.
Ela riscava e marcava no tacho as partes iguais. Três partes, uma para mim e as outras duas para meus irmãos. E que briga quando um ia na parte do outro, é que de ladinho do tacho de um de nós estava mais recheado de doce. Crendospai! Mãe pegava um graveto e sapecava nossas pernas.
 Estou rindo agora, é bom dar uma pincelada na vida da gente de vez em quando.
A
gente cresce e ficam lembranças boas que nos enlaçam e sustentam nossas almas além anos...