sábado, 12 de julho de 2008

Cheiro de canela, sabor de vida


Enquanto borbulhava o arroz doce no tacho, vovó salpicava a canela pra dar mais gostinho. Pretinha, a cachorrinha de estimação, abanava o rabo, furiosa com alguns mosquitos. A turma do rapa batia uma colher na outra, batucando dizendo: --- Vira o doce, Vó. Queremos rapar a panela!
Vovó dizia:
--- Só falta Sá Maria Preta chegar com o limão para colocar umas raspas e o doce fica pronto.

Era domingo! A vovó levantava cedinho para preparar o almoço para a família.
O arroz doce não podia faltar.

Fico pensando...

Tempo bom quando reuníamos na casa da vovó aos domingos.

Hoje sinto falta desses encontros.
Nossos filhos preferem passar o final de semana com os amigos, ora no sítio, ora nas baladas.
Os valores estão mudando.

Dizem que o homem está com a alma fria.

A minha anda pelando!
Chega a queimar as minhas entranhas.

Diacho! Com esse frio, nesse vale mineiro cercado de montanhas, vou pegar o trem pra Mariana (cidade histórica mineira)
Lá moram minha tia Terezinha, tia Nazica e a tia Naná, todas na casa dos oitenta anos.
Têm saúde pra dar e vender.
O remédio: A alegria de viver.
Sei que vou encontrar um delicioso almoço, um bom vinho, sorrisos e afagos para serem compartilhados.