sábado, 17 de maio de 2008

Cantigas de ninar


Cantigas de ninar

Meus braços te embalam, é hora de ninar você.

Todas as cantigas chegam de mansinho.
É como se tivessem ficado guardadas numa gaveta, dentro duma caixinha, à sua espera.

---- Fui na fonte do Tororó beber água e não achei, achei foi
a Yasmim que no Tororó deixei.
Ôoooo Yasmim, Yasminhazinha, entra nessa roda ou ficará sozinha...

Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada,
o que ela precisa é de uma boa lambada...

O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada.
O cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...

João pica pau, Maria meche o angú,
Tereza põe a mesa para a festa do Tatu...

A galinha do vizim, bota ovo amarelim,
bota um, bota dois, bota treis, bota quatro... bota dez!

Vamos entrar na roda, morena,
vamos rodar, rodar, morena,
entra no meio da roda, morena,
quem é que vai recitar...

Boi, boi, boi, boi da cara preta...
Esta eu não canto, senão você vai ter medo do boi.
Bicho bom o boi, marido da vaca, que dá leitinho, carninha, pra nenem ficar forte.

Nãna, nenem, que a Cuca vai pegar... paro.
Que Cuca que nada. Sai pra lá, sua Cuca feiosa!

Aí, lembrei de uma música dos Beathes que fez presença nos meus quinze anos. Então embalo você nos meus braços, cantando:

Se todo o meu mundo ruir, se eu perder tudo o que tiver, e só restar o amor, eu não peço mais.

Se o mundo compreender que vale mais ter amor do que ter tanta riqueza, vai ser bem melhor viver.

Sou rica pra valer, tenho mais que um rei tenho o seu amor, tenho o lado manso desse doce olhar, tenho o marfim das tuas mãos, que fazem gestos de amor para mim...

Xiiiiii, esqueci o resto.
Vó Ana tá ficando velha.

Você me ouve, a princípio, atenta, com os olhinhos espertos,
depois vai amolecendo, amolecendo, e dorme feliz.

Sou rica pra valer...

Um dia desses, vou mandar essa Vó caçar sapo!
Vai ser boba assim dois tanto, sô!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Meu querido jardim de infancia


Alvinópolis, cidade mineira, cercada por montanhas e vales na zona da mata, sempre teve destaque na parte da Educação.
Nos meados dos anos 60 já contava com um curso técnico de Contabilidade e o Magistério.
Todos os meus professores se formaram na Escola Estadual Professor Cândido Gomes, com exceção da minha primeira professora, a Irmã Margarida.

Em 1959 comecei minha trajetória escolar no Jardim da Infância,
que nascera da boa vontade das Irmãs de Caridade,
que chegaram em Alvinópolis para cuidar de um Convento com o nome de Beneficência Popular.

Lembro do meu primeiro dia.
Bem cedinho, minha mãe entrou pelo quarto me sacudindo , falando ansiosa que já era hora de ir para a escola.
Levantei meio sonolenta e até aflita vestindo minha sainha xadrez vermelha e branca, uma blusinha branca acompanhada da gravatinha vermelha, um Chuá!!!
Lavei meu rosto, quase esquecendo de escovar os dentes para chegar bem depressa no "Jardim de Infância".

Nossa! "Jardim de Infância"...
Hoje estou entendendo o significado desse nome.
Pensem: As crianças eram recebidas na escola como flores, viçosas flores!
E todos da escola eram "psicologicamente" preparados para cuidar dessas mudinhas que estavam chegando para fazer parte de um jardim.
Íamos para a escola felizes. Lembro que além de brincar e estudar, ajudávamos as irmãs a cuidar da horta.
Na hora do recreio brincávamos debaixo do pé de Cipreste, que até hoje, só de pensar sinto o cheiro das suas folhas.
Lembro que minha mãe me aprontava e me deixava na escola e eu não chorava nem um dia, nem as outras crianças, pelo contrário, eram só risos e pulos nos corredores do convento. Ficava doidinha para chegar na sala de aula, desenhar, ouvir as histórias narradas pela professora, os quebras-cabeças (feito pelas irmãs) sentada naquelas cadeirinhas simples de palha. E a Irmã Margarida não esquecia de rezar para o Papai do Céu nos dar inteligência e saúde.

Hoje devido a vários movimentos sociais engajados na formulação da nova LDBEN e do Estatuto da Criança e do Adolescente, a creche (que atende crianças dos O aos 3 e 11 meses), a pré-escola dos 4 aos 5 anos e 11 meses) estão incluídos na Educação Infantil, denominação que substitui a nomenclatura Jardim de Infância, que por sua vez está incluída na Educação Básica. O que a Legislação pretendeu foi enfatizar que a criança não se desenvolve naturalmente, mas precisa de uma educação com qualidade que promova a construção de conhecimentos. Só que, na prática, esqueceram que a criança não só aprende muito mais, como também, a partir da imaginação que procede do brincar, se constitui criadora de cultura. Levaram a ferro e fogo a educação infantil a não se diferenciar dos objetivos do Ensino Fundamental e isso é muito ruim, pois BRINCAR vem sendo preterido por aulas, pela exigência de se alfabetizar cada vez mais cedo.
Conversei com uma psicopedagoga e com alguns pais e o que vemos é que as crianças estão chegando da escola irritadas, estressadas e inseguras.
Por um lado, as escolas estão cheias de novas tecnologias, salas de informáticas, laboratórios, até boas bibliotecas, mas estão esquecendo que as crianças não são robot.

É por isso que lembrei com saudade da minha primeira escola, meu querido jardim da infância, onde eu aprendi brincando, dançando, gargalhando e minhas noites eram recheadas de sonhos maravilhosos.
As crianças de hoje devem ter pesadelos...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

E a natureza convocou anjos pra me cuidar


Me embrenho na mata a procura de mim.
Está tudo escuro,
onde estou?

Quero encontrar-te meu rio de amor,
banhar-me nas suas águas límpidas.
Retirar todo pó que atormenta-me.

Meu Sabiá, canta pra mim...
Prometo que desta vez dançarei...bailarei...

Meu Pé de Manacá, massageia-me com o cheiro de suas flores,
abraçe forte meu coração entristecido.

Lua e estrelas brilhem sobre mim.
Onde está aquela varinha de condão
que me faz adormecer e sonhar?

O sol está nascendo.
A mata desperta e eu também.

Dentro do meu quarto, uma mão quentinha acaricia minha face,
dando sinal que está tudo bem.
Esses achados vem de Ti, Pai do Céu.
O mundo todo precisa destes teus anjos.

Lua de cristal, não de mel


Na época que Cecília casou, suas amigas sonhavam em passar a lua de mel em Cancun, Fernão de Noronha, Fortaleza, mas para ela sua lua de mel não passava de um sonho, difícil de se realizar. Também não tinha tanta importância, afinal sua felicidade já era completa por se casar com Pedro.

Pedro sempre tinha atitudes diferentes dos outros namorados que tivera. Ela com o pé no chão e ele sempre voando... Ela estava começando a pegar vôo também.

No dia do casamento nem cogitara com Pedro sobre a lua de mel, afinal ele não era preso a regras ditadas pela sociedade, muito menos pelo gosto das suas amigas.

Para começar, casaram numa quinta feira, enquanto os casais da sua cidade sempre casavam no sábado. O casamento foi na sala da casa dos seus pais, e o padre só fez o casamento porque era muito amigo de Pedro. Seu traje foi calça jeans e blusa da hering branca, até com um furinho no ombro, dispensou os sapatos, preferiu seu velho tenis. Cecília casou de vestido branco e descalça, com uma flor branca colhida no jardim da sua casa. Mesmo assim, o casamento foi lindo.

Depois da festa, organizada pelos seus pais e os vizinhos, encontraram o velho Opala vinho, do seu irmão, estacionado na porta, como que convidando para uma aventura e tanto.

Passaram por estradas de terra batida, muitas curvas e de repente chegaram numa bela lagoa, onde já estavam esperando por eles, os amigos de infância de Pedro, uma barraca de camping armada, um peixe assando na churrasqueira, improvisada com algumas pedras do lugar.

A noite logo chegou com os últimos convidados: A lua cheia e as estrelas. Ah! Ia me esquecendo, um violão também.

Quem disse que os amigos pegaram a estrada e partiram? Eles resolveram dormir na barraca, no quarto ao lado. Dormiram nada, fizeram serenata para os dois a noite inteira.

A manhã nasceu convidando-os para um belo banho. Caminhando pela mata afora, encontraram uma nascente cujas águas, ainda geladas pelo frio da madrugada, energizaram suas almas.
Nos dias que se seguiram até as namoradas dos amigos foram visitá-los. Foram dez dias de pura natureza.

Chegando na casa de seus pais, Cecília juntou duas camas de solteiro, colocou o lençol amarelo para dar sorte e emaranhou seu corpo no do Pedro. Na manhã seguinte acordou assustada e pensou: E agora?

Cecília, mais uma vez, sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.
Sentiu que sua lua de mel , na verdade foi de Cristal. Ela conta que, desde que conheceu Pedro, seus olhos brilharam e brilham até hoje, que nem cristal.

É o brilho do amor!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Sua Mãe" e seus filhotes


Quem diria que naquela rua, por sinal, tão feia até no nome, Rua do Brejo,
"Sua Mãe" acharia um cantinho, num lote vago, para parir seus filhotes.

"Sua Mãe" é uma cachorra vira-lata que andava com todos os cachorros da cidade.
Como toda pervertida, acabou sozinha e prenha.
Os vizinhos a encontraram toda feliz, numa bela manhã de verão,
dando de mama aos seus filhotes.

As crianças e até os adultos ficaram encantados com os filhotes, lindos!
Chegou um vizinho e adotou um, depois outro e mais outro,
e lá se foram os filhotes de "Sua Mãe".

Você pensa que ela achou bom?
Foi atrás de um por um.
Os vizinhos acharam que eles estavam morando tão mal que,
com certeza, não iam resistir.
Então cada um deu carta branca pra "Sua Mãe" dar de mama pra eles em suas casas.

Toda manhã lá vai "Sua Mãe" de casa em casa amamentá-los.
Todo mundo ficou feliz e ela mais ainda.
Chega toda metida levando seu leitinho e amor para seus filhotes.
Coisa do interior.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Parto do Amor


Quero sair...quero sair...
Quanta parede estranha, me solta!
Preciso, como faço?
Tenho que explodir isso aqui.
Até que enfim, explodi.
Livre estou...pro mundo!
Estou feliz, cheguei!
Me recebe, me abrace.
Que lindo o mundo!
Quantas cores! Quantos sorrisos!
Ufa! Estou em casa de novo.
Nasci

Os quatro "José"



Os Quatro "José"

José Geraldo, 67 anos, o mais desconfiado.
José Antônio, 66 anos, o ranzinsa.
José Valentino, 63 anos, o mais conversado.
José Paulo, 61 anos, o mais alegre.

Quatro irmãos, todos solteiros. Bem que José Valentino chegou a ficar noivo, mas não teve sorte, sua noiva fugiu com outro.

Dona Marieta ficava toda orgulhosa quando via seus filhos chegarem do trabalho. Não sabiam abraçar, muito menos beijar sua velha mãe. O carinho ficava por conta de duas palavras fortes: Bença, mãe!

Nasceram num pedaço de terra, herança dos avós, num lugarejo chamado Quati, que pertence ao Munícipio de Alvinópolis, Zona leste de Minas Gerais.

A casa, bem pequenina, era feita de tijolos e telhas de barro. Dona Marieta gostava de contar para todo mundo que fora presente dos quatro filhos. Antes, quando seu marido era vivo, a casa era de pau-a-pique.

Trabalhavam numa pequena fábrica de tecidos na cidade, como tecelões, profissão da qual muito se orgulhavam. E que, de certa forma, sentiam-se seguros com as carteiras profissionais devidamente assinadas.

José Geraldo, o mais velho, aposentou por invalidez, depois de quinze anos de serviço. Ficou com uma lesão cerebral, consequência de uma febre que não teve diagnóstico certo.
Saiam de casa para o trabalho por volta das quatro horas da madrugada, tomavam o café com broa que Dona Marieta não deixava faltar, pegavam as marmitas, pé na estrada, pois andavam dez km até a fábrica.
Nada disso tinha importância. Não sentiam preguiça ou desânimo. A felicidade estava alojada nos corações desses quatro guerreiros. Tristeza mesmo foi só na morte súbita de Dona Marieta.

De criança até a puberdade ajudavam seus pais na rocinha de milho e feijão. Cuidavam também do pomar onde a mesa era farta de manga, carambola, laranja, mexirica candongueira, jabuticaba e até um pé de Canela que era famoso em toda região. Sempre tinha uma amostrinha da casca da Canela, que José Antonio, muito ranzinsa pegava e esfregava no nariz de quem duvidava.

Dificilmente os "José" apareciam na rua, mas quando tinha novena de São Sebastião e a festa de Nossa Senhora do Rosário, lá estavam eles. Cabelinho cortadinho, sapato lustrado e trazendo uma prenda para o leilão. Ora uma galinha, ora um galo e até um bode que foi arrematado por um bom dinheiro, para alegria do padre.

Trabalharam até aposentar. Mais de trinta anos e se pudessem continuariam na fábrica de tecidos por mais tempo.
Foi bom a aposentadoria, deu para colocar energia elétrica no sítio, comprar geladeira, som, televisao, e até uma antena parabólica. Depois de tantos anos mereciam tudo isso, inclusive comer e beber do bom e do melhor.

Mas...
Nem sempre ter uma vida feliz e em paz depende de nós.

Esta semana, assistindo o jornal da tarde ouvi essa notícia:
Na cidade de Alvinópolis, num lugarejo denominado Quati, foi encontrado os corpos de três irmãos, assassinados com um revolver calibre 38. Um estava na cozinha, outro no quarto e outro na sala. Segundo os vizinhos, eles eram aposentados e recebiam um total de 1.500,00 reais mensais. Acredita-se que o assassino deve ser alguém que conhecia a vida dos irmãos e sabia que eles guardavam o dinheiro em casa. O quarto "Jose", por algum motivo, não se encontrava no momento do roubo e, era justamente o José Geraldo, que tinha problemas mentais. E aí?

A violência está por todos os lados, inclusive no interior.

Viver em paz, como?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sem eira nem beira


Sem eira, nem beira


"Sem eira, nem beira" era a qualificação que, na época do Império, era dada às famílias que tinham menor poder aquisitivo.
Todas as casas eram construidas com eiras.
Duas eiras ou mais gozavam de poder, pois eram mais ricas, uma eira menos ricas, e sem eira eram pobres mesmo.

Dona Anita resolveu batizar seu restaurante pelo nome de "Sem eira, nem beira".
O motivo foi, nada mais, nada menos, sua chegada a Belo Horizonte, por
volta de 1998, sem grana e sem glamour,além da sua deliciosa comida mineira.
Acostumada a servir seus clientes do interior como se fossem de casa, Belo Horizonte lhe parecia glamourosa demais.
Aprendeu com sua velha mãe a fazer um feijão tropeiro supimpa, uma feijoada e um frango com quiabo tão apetitoso, que não deu outra. Logo, logo no bairro todo o "Sem Eira, Nem Beira" ficou famoso.
Amava todos os clientes, mas tinha um carinho especial pelos clientes pós almoço.

Eram doze ao todo.

Marcio chegou com panca de manda-chuva, querendo dar 1 real numa "quentinha" para dividir com sua dona que estava grávida..
Era um moço bonito e forte, mas maltratado pela vida.

Geraldo, ex jardineiro, trabalhador, limpava os carros da rua, trazia seu filho, já viciado aos 14 anos.

Já o Maneco, coitado! Tinha vergonha até de pedir o almoço. Com ele vieram mais cinco colegas ( dizem que furtavam tudo que viam pela frente).

Rosália chegava com seu irmão menor, passava até fome.
Sua mãe era catadora de papel e não deixava nada nas latas.

Essa turma era fiel.
Colocavam as vazilhas na entrada do restaurante e voltavam mais tarde para pegá-las.
Nos bastidores, Dona Anita e seus funcionários faziam daquele momento uma oração. E com muito amor entregavam o almoço com tudo que eles tinham de direito. Direito sim!
Ela sempre dizia:
--- Se é pra doar, vamos doar direito!
Aquelas horas eram as melhores do seu dia. Em troca, seu restaurante era vijiado dia e noite, nunca apareceu um ladrão, e segundo um casal que trabalhava na portaria do estacionamento ao lado, essa turma era que nem cão de guarda.

Passaram-se os anos.
Dona Anita mudou de bairro e vendeu o "Sem eira, nem beira".
Um certo dia, ao passar por aquele bairro, ouviu vozes gritando:
--- D. Anita, tudo jóia? Beleza?
Era uma parte daquela turma. Seus olhos brilhavam, resplandeciam de alegria.Sentiu que não foi em vão aquela convivência. Deixou saudades.Levou saudades...
Fico aqui pensando com meus botões:
Feliz daquele que tem a chance de doar.

Junim, agradecida pelo convite.

Segue foto, se achar legal, manda ver!
Abraços

domingo, 4 de maio de 2008

Homem só presta pra sujar a gente de noite


Era assim que minha Vó Munda dizia para tia Laura tentando, com sua sabedoria, amenisar a revolta que ela sentia por não ter se casado.

Mal sabia ela que tia Laura , hoje com 80 anos, não podia ver um homem.
Logo dava um jeito de conquistá-lo.
Quantas vezes, quando criança, ouvia minha vó dizer:
---Coitada da Laura, não tem sorte, ainda não se casou.

A bichinha não era fácil.
Surrateira e ainda por cima, lembro que até aos 60 anos, namorava rapaz de 30.
E ela era uma loirinha bonita!

Casou todas as sobrinhas.
Agora acompanha os namoros das sobrinhas-netas.
Tem sempre um caso pra contar de alguma sobrinha.
Já ouvi vários:
--- Cida e Roberto dormiram aqui em casa semana passada, não me deixaram dormir, gemeram a noite toda;
--- A Rosária não vê a hora de Augusto chegar, pra poder fazer amor.

Estive com ela no mês passado e a encontrei muito angustiada, tirou dos seus guardados várias fotos e cartas de namorados, dizendo:
---Não gosto de nada, não quero mais nada!

Então falei pra ela:
--- Tia, voce é tão linda!
--- Tira aí da gaveta alguns sonhos!
--- O que a senhora gostava de fazer e não fez, faça!
Imagina o que ela me respondeu, só podia vir da tia Laura:

--- Só se for meter! Só se for meter!

Bicho de monte


Sou bicho de uma asa só.
Sou bicho de um coração só.
Voar como?
Amar como? Só?
Levo jeito não.
Venha! Mais um... Outro... mais outro.
Igual bicho de monte.
Viveremos abraçados e amados,
Sem frio, sem fome, sem medo.

E aí, Sagrado Eu?


Brigo sim!
O que tem feito aí dentro de mim?
Me afague, me serena...
Me abraçe forte, bem apertado.
Sinto frio, me esquenta.
Quem mandou ser dono de mim?
Quando voce chegou, eu era um grãozinho de nada.
Por que me escolheu?
Bem feito! Achou que ia ser fácil?
Então... Me transborda de amor.
Tenho pressa, lá fora tem gente precisando desse amor.
Se vira, cuida do meu coração.