sexta-feira, 9 de maio de 2008

Lua de cristal, não de mel


Na época que Cecília casou, suas amigas sonhavam em passar a lua de mel em Cancun, Fernão de Noronha, Fortaleza, mas para ela sua lua de mel não passava de um sonho, difícil de se realizar. Também não tinha tanta importância, afinal sua felicidade já era completa por se casar com Pedro.

Pedro sempre tinha atitudes diferentes dos outros namorados que tivera. Ela com o pé no chão e ele sempre voando... Ela estava começando a pegar vôo também.

No dia do casamento nem cogitara com Pedro sobre a lua de mel, afinal ele não era preso a regras ditadas pela sociedade, muito menos pelo gosto das suas amigas.

Para começar, casaram numa quinta feira, enquanto os casais da sua cidade sempre casavam no sábado. O casamento foi na sala da casa dos seus pais, e o padre só fez o casamento porque era muito amigo de Pedro. Seu traje foi calça jeans e blusa da hering branca, até com um furinho no ombro, dispensou os sapatos, preferiu seu velho tenis. Cecília casou de vestido branco e descalça, com uma flor branca colhida no jardim da sua casa. Mesmo assim, o casamento foi lindo.

Depois da festa, organizada pelos seus pais e os vizinhos, encontraram o velho Opala vinho, do seu irmão, estacionado na porta, como que convidando para uma aventura e tanto.

Passaram por estradas de terra batida, muitas curvas e de repente chegaram numa bela lagoa, onde já estavam esperando por eles, os amigos de infância de Pedro, uma barraca de camping armada, um peixe assando na churrasqueira, improvisada com algumas pedras do lugar.

A noite logo chegou com os últimos convidados: A lua cheia e as estrelas. Ah! Ia me esquecendo, um violão também.

Quem disse que os amigos pegaram a estrada e partiram? Eles resolveram dormir na barraca, no quarto ao lado. Dormiram nada, fizeram serenata para os dois a noite inteira.

A manhã nasceu convidando-os para um belo banho. Caminhando pela mata afora, encontraram uma nascente cujas águas, ainda geladas pelo frio da madrugada, energizaram suas almas.
Nos dias que se seguiram até as namoradas dos amigos foram visitá-los. Foram dez dias de pura natureza.

Chegando na casa de seus pais, Cecília juntou duas camas de solteiro, colocou o lençol amarelo para dar sorte e emaranhou seu corpo no do Pedro. Na manhã seguinte acordou assustada e pensou: E agora?

Cecília, mais uma vez, sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.
Sentiu que sua lua de mel , na verdade foi de Cristal. Ela conta que, desde que conheceu Pedro, seus olhos brilharam e brilham até hoje, que nem cristal.

É o brilho do amor!

Um comentário:

Carla Fernanda disse...

Ana lembro-me muito bem deste lugar maravilhoso!!!! Na beira de uma lagoa linda.... no final de um milharal....tinha um ancoradouro e a gente pulava de cima de uma árvore na água.... desde então o lugar passou a ser visitado por muitos amigos...mesmo depois da lua de cristal ....será que o lugar existe ainda????