sábado, 29 de março de 2008

Ana Mariiiiiiiiiiiiia!

Minha mãe, quando eu era criança já me via moça crescida.
O relógio batia oito horas e lá vinha ela com seus passinhos frenéticos entrando no quarto e me acordando dizendo:
--- Ana Mariiiiiiiia! Isso é hora de dormir? Pula já da cama, vai cuidar dos afazeres!

Esfregando os olhos, corria na varanda e dava de cara com minhas amigas brincando na praça, em frente da Capela de São Sebastião.
Quando chovia de madrugada, a chuva varria a terra e o chão no largo da capela ficava todo fofinho, era ideal pra jogar finco.
Me dava uma raiva!!!
Tinha que obedecer a mãe, arrumar a casa, passar umas peças de roupas, as mais fáceis, e só depois eu ia brincar.

Corria, corria, limpando "pelos meios", com a cabeça no jogo dos fincos. Sem ela ver, saía de fininho pelo beco da casa e mergulhava nas brincadeiras. Tinha esse direito. Como minha mãe era chata!
Até esqueci que tinha deixado o ferro ligado. Só lembrei quando ouvi seu grito estridente:
--- Ana Mariiiiiia! Passa aqui!
Nossa, e agora?
Só senti o cheiro da toalha de banho queimada e a marca do ferro na velha mesa de madeira.
--- Venha bater os ovos para fazer o rocambole.
Continuava me direcionando para o trabalho. Assim acreditava estar cumprindo sua missão de mãe.
Pegava os ovos, me ensinava a separar as claras das gemas e dizia:
---Cuidado! Não pode cair uma gota sequer de gema senão a clara não cresce.
Já com bastante raiva, meu jogo de finco tinha ficado pela metade, batia apressadamente as claras, colocava as gemas, batia de novo, depois o açucar, o trigo e saía um belo de um pão de ló, que depois de assado, ela recheava com doce de leite e virava um rocambole.
Agora entendo porqwue o meu pão de ló ficava bom; é que a raiva e a pressa para voltar a jogar finco, me fazia bater as claras ligeiramente.
Quando voltava na varanda, ficava triste. A meninada tinha ido embora, tinha terminado a brincadeira.
Tomava meu banho, almoçava e ia pra escola.
Na volta, passava na venda do meu pai e lá estava o bendito rocambole, enfeitando a vitrine. Pegava um pedaço, como era gostoso!
A alegria voltava mo meu coração de menina. Tinha feito a minha parte.

terça-feira, 25 de março de 2008

Cuidem do meu coração, vocês moram nele


Tadinho dele,
parece um bicho assustado.

Ah! Coração,
que anda tão carente,
acolhe tanta gente...

Você guarda meu tesouro,
parece uma mina de rubi,


Acorda e adormece cansado,
precisa de reparos,
um toque aqui, outro acolá,
e acalento terá.

Aguenta coração!

Um toque só,
um olhar de amor, um sorriso basta,
tão fácil te restaurar.

Você é molenga, coração.

Que forte, que nada!

Ôi, amores do meu coração,
Um chamego de vez em quando faz bem pra ele,
custa nada!

Acordam...